Nos últimos 29 anos, o Brasil se habituou a participar
de um movimento solidário para mudar para melhor a realidade de crianças e de
jovens em situação de risco. Esse é um dos desafios do Criança Esperança. Desde
1985, cinco mil projetos sociais já foram beneficiados. Um deles é o Axé, em
Salvador.
Aprender a tocar tambor pode ser o primeiro passo. Para
quem vivia nas ruas, muitas vezes sofrendo ameaças e aprontando, por que não a
arte como caminho?
É assim que o Projeto Axé vem transformando vidas de
crianças e adolescentes em situações de risco há mais de duas décadas.
No projeto, eles são acolhidos, alimentados, reaprendem
a brincar, a desenhar os sonhos.
Repórter: No futuro você pensa em desenhar também?
David: Sim
Repórter: Que desenho?
David: De prédios.
Repórter: Então, você pensa em fazer arquitetura?
David: Sim
Todos são acompanhados por um grupo de educadores e
profissionais das artes. A história de Luciana Xavier pode resumir bem a
importância desse trabalho. No Axé ela aprendeu a desenhar peças de roupas e se
tornou estilista. Hoje coordena as oficinas do projeto.
“Quando eu saí da rua e cheguei no projeto Axé eu
comecei a vislumbrar outros sonhos, diferentes daquilo que eu tinha, na verdade
um pesadelo", conta a estilista.
Criado pelo italiano Cesare La Rocca, o Projeto Axé é
uma das mais de cem iniciativas que recebem ajuda do Criança Esperança pelo
Brasil.
"Tem um efeito multiplicador impressionante. Porque
durante todos esses anos o Criança Esperança criou a cultura da criança,
começou a chamar os empresários, os indivíduos para a solidariedade",
explica o presidente do projeto.
Já se vão 24 anos de trabalho e quase 15 mil crianças e
adolescentes retirados das ruas.
Tão importante quanto transformar vidas por meio das
artes é saber o que acontece com os jovens depois que eles saem das oficinas do
projeto. Essa é uma tarefa para os educadores que se dedicam ao acompanhamento
familiar.
Eles procuram saber tudo: a vida na escola, a rotina de
quem costumava não voltar pra casa. Dona Maria Ivoneide Santos é só orgulho
quando fala da neta que está de novo morando com ela.
“Meu sonho é ver minha neta realizar o sonho dela. O
sonho dela é ser fisioterapeuta”, diz a avó. Fisioterapeuta e dançarina. Iasmin
encontrou no projeto, além da chance de aprender, segurança. "De repente
eu encontrei aqui uma família, porque todos me acolhem bem, os educadores me
ajudam, é muito bom”, conta a adolescente.
Quase 90% cento dos jovens que são atraídos pelo projeto
não retornam às ruas. E é aprendendo, descobrindo os encantos da arte que eles
enxergam o futuro e a esperança.