terça-feira, 30 de dezembro de 2008
FELIZ 2010!
O Projeto AXÉ gostaria muito de desejar a todos que 2009 seja um ano diferente, que os meninos e as meninas que vivem nas ruas de Salvador, fumando uma pedra de crack a cada míseros R$5,00 que conseguem juntar das esmolas que recebem, tivessem um ESPAÇO DE ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL, uma comunidade terapêutica, a eles oferecido pelos Governos Municipal e Estadual, onde pudessem receber tratamento médico, psicológico, psiquiátrico, educativo, arteducativo - de QUALIDADE. Onde não sofressem maus tratos, onde pudessem receber a visita de seus familiares e que esses pudessem receber o APOIO e a ORIENTAÇÃO necessárias para, dentro de suas possibilidades, que não são muitas, saber ajudá-los quando prontos para a VIDA CÁ FORA.
Mas a FORÇA de ESPERANÇA necessária para emitir esses votos-desejos de um MUNDO MELHOR a partir de 2009 nos resulta ínfima, nesse apagar de 2008.
Embora o MINISTÉRIO PÚBLICO tenha encerrado suas ações pelo segundo ano consecutivo buscando dar uma resposta à DENÚNCIA do Projeto Axé (denunciamos em 2007 a morte e o abandono de crianças usuárias de crack na área do Comércio, fornecendo seus nomes e endereços ao MP e solicitando medidas de prevenção e ação efetiva dos órgãos de saúde pública) e tivesse RESPONSABILIZADO os GESTORES MUNICIPAL e ESTADUAL pelo DESCASO com as crianças pobres dessa Cidade, NADA ACONTECEU DE FATO. E nos sentimos FRACOS, nos sentimos ABATIDOS.
ABATIDOS foram hoje alguns jovens que jogavam bola em Coutos. Um deles ex-educando do Axé, irmão de um atual funcionário do Setor Pessoal, também nosso ex-educando. Não teve tempo para a mesma sorte.
Na calada da Noite de Natal, iluminados pela Estrela Dalva, moradores de rua foram retirados à força da Fonte Nova, estocados numa VAN e despejados na BR. E nos sentimos fracos, nos sentimos abatidos.
A quem recorrer? Com quem compartilhar a CERTEZA da possibilidade de SER DIFERENTE que a nossa EXPERIÊNCIA POLÍTICA E ARTEDUCATIVA nos traz?
MENINOS E MENINAS - PRETOS E POBRES - vem sendo ABATIDOS diariamente nesta Cidade do SALVADOR, antes mesmo que possam EXPERIMENTAR AS INÚMERAS POSSIBILIDADES que a vida oferece a qualquer SER HUMANO. CONDENADOS AO NASCER e CONDENADOS POR SOBREVIVER À MORTE e irem para as ruas, buscar desorientados a razão de tal SINA.
EXISTIRMOS A QUE SERÁ QUE SE DESTINA? Não é questionamento filosófico de poucos privilégiados socialmente. Cada um buscará a sua resposta, no UNIVERSO de sua caminhada de vida. Mas TODOS estarão frente a esse dilema crucial. E tentarão respondê-lo usando de suas FERRAMENTAS disponíveis: às vezes uma crença religiosa, às vezes um livro, às vezes um Rivotril, às vezes um caco de vidro, às vezes uma pedra de crack.
Então, melhor desejar aos nossos políticos: FELIZ 2010!
sábado, 20 de dezembro de 2008
BAZAR DAS FAMÍLIAS
O projeto Axé, desde a sua concepção, teve e tem como princípio o respeito e o reconhecimento do potencial das famílias dos educandos. Tanto assim que no seu organograma possui uma coordenação voltada para o desenvolvimento e fortalecimento do grupo familiar das crianças e adolescentes atendidas nas unidades pedagógicas da instituição.
A coordenação tem como objetivo principal discutir e oferecer atividades educativas que possibilitem às famílias desenvolverem sua capacidade crítica em relação à sua condição social e assim empoderarem-se e terem reconhecido o direito de ocuparem o seu lugar de primeiro grupo responsável pela socialização e educação dos seus dependentes – crianças e adolescentes.
Um projeto social, de modo geral, acentua na sociedade, marcada por uma herança católica ortodoxa, sentimento não condizente com os princípios preconizados nos documentos orientadores dos direitos humanos - o assistencialismo. E, principalmente em épocas como no Natal, é levado a fazer distribuição de doações de objetos usados ou novos, e que são bem vindos, dentro de uma crença de que está contribuindo para minimizar a violação de direitos dos socialmente excluídos. A questão é: como portar-se diante desse fato, um projeto como o Axé, que luta pela emancipação, garantia de direitos e efetivação de políticas que garantam direitos iguais para todos?
Foi esta reflexão que levou a Coordenação de Ações de Fortalecimento da Família a buscar uma estratégia de repasse das doações recebidas da sociedade para as famílias, sem um caráter assistencialista. Queremos as doações, mas não queremos distribuí-las aleatoriamente, sem uma reflexão do ato. Simplesmente repassa-las pode significar, e significa, uma forma de mantê-los subjugados.
A estratégia encontrada foi a realização de bazares. Mas comprar num bazar significa possuir dinheiro. Além disso, como vender os objetos que foram doados para pessoas em situação de extrema dificuldade?
Mantivemos a idéia do bazar, que já está em sua quarta edição, e “confeccionamos” o dinheiro.
A idéia é a seguinte: realizamos, dentro do planejamento anual, encontros sistemáticos e temáticos com os familiares. Duas vezes ao ano, junho e dezembro, dedicamos esse encontro à realização de um bazar. Nesse dia planejamos uma atividade de animação em que os familiares são convidados e estimulados a realizarem atividades individuais (cantar, dançar, recitar um poema, etc.) para terem acesso a um envelope contendo “as cédulas” por nós confeccionadas. Com esse “dinheiro” eles fazem compras e podem escolher os produtos que lhes interessam.
Antecedendo a esse dia e numa relação de respeito, toda a equipe se dedica a organização desse evento verificando a qualidade dos produtos, passando ferro nas roupas, dividindo por tema (lençol, roupas masculinas, femininas, infantis, utensílios domésticos, sapatos, bijuterias, etc.) e colocando os preços. Tudo é sofisticadamente e elegantemente arrumado, como num grande magazine. As famílias têm a liberdade de, nas suas “compras”, escolherem o que desejam e precisam comprar. Ao final eles “pagam” no caixa sabendo que não podem ultrapassar ao “valor” recebido. Essa forma de repasse dos produtos doados propicia aos familiares o direito da escolha, o exercício do controle de gastos, o exercício do planejamento, da compreensão da lógica do comércio, o direito de levar ou não levar o que está sendo oferecido, ao de não fortalecerem o sentimento de serem necessitados e, ao mesmo tempo, resolverem algumas dificuldades domésticas causadas pela falta de trabalho e, consequentemente, pela falta de dinheiro, que os impossibilitam de comprar em lojas de verdade.


Para nós do Projeto Axé o bazar propicia momentos de reflexão junto aos e com os familiares acerca do significado das doações e da possibilidade de não ferir os direitos sociais. Ao contrário, é um momento de profundas reflexões acerca das diferenças de classes presentes na nossa sociedade, algumas vezes muito injustas
Eliane Rodrigues - Coordenadora de Família
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Homenagem a Gey Espinheira

O Centro de Formação do Projeto Axé promove cursos para os quais organiza diversos CADERNOS e COLETÂNEAS e os textos de Gey são presenças certas e imprescindíveis: EXPLICAM o Axé.
Neste momento Gey está consultor do Planejamento Estratégico Participativo de Ação do Centro de Formação do Projeto Axé, iluminando a equipe com seu conhecimento técnico e sua erudição.
Dia 18 de dezembro às 17 horas no Museu de Arte Sacra, Ladeira do Sodré s/n - Centro, o Fórum Comunitário de Combate à Violência (FCCV) / Pró-Reitoria de Extensão da UFBA e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) farão uma reunião de encerramento das atividades do Fórum em 2008, e será prestada uma homenagem ao querido professor pelo seu talento e dedicação ao trabalho em prol da garantia de direitos dos jovens, de uma melhor compreensão das dinâmicas sociais relacionadas com a violência, através do estimulo constante à valorização e fortalecimento da cultura de paz.
Como instituição integrante do Fórum, o Projeto Axé vem reforçar este CONVITE, prometendo fazer uma arte-participação bem ao gosto do homenageado. Todos ao Museu de Arte Sacra! Muito obrigado Gey, pela imensa contribuição para o trabalho do movimento social da Bahia.
Quer saber mais da presença de Gey no Projeto Axé ? Leia sua belíssima Apresentação para o livro Arteducação, Vida Cotidiana e Projeto Axé.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Alegria de Volta!
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Intercâmbio Brasil X Quênia
Através da Fundação Altamane, organização suíço-italiana de cooperação internacional - parceira do Projeto Axé desde 2006, nosso Projeto conheceu a AMREF - African Medical and Research Foundation - uma ONG internacional, presente em vários países do mundo, para o desenvolvimento da saúde na África, fundada em Nairobi/Quênia em 1957.
Em Julho/07 recebemos a primeira visita do grupo queniano, uma pequena comitiva composta por John Muiruri, coordenador da AMREF/Quênia, Patricia Kwamboka Ochenge,
Samuel Navutanyie e Giovanni Lo Cascio, este, músico percursionista italiano responsável pelo formação musical do JUAKALI DRUMMERS, um grupo percursivo formado por 20 jovens em situação de rua de Nairobi e que utilizam instrumentos musicais construídos a partir de materiais reciclados recolhidos no imenso lixão da cidade onde vivem.
Em julho deste ano os jovens do JUAKALI estiveram em Salvador para um intercâmbio musical com os jovens do Axé, sob a batuta de Giovanni Lo Cascio, que ministrou workshop de percussão para os dois grupos, e a supervisão do professor Fernando Cerqueira, coordenador do projeto de música do Axé.
Desde o dia 20 de novembro último (Dia da Consciência Negra!) um grupo de jovens músicos do Projeto Axé - HOJE TODOS EDUCADORES DA INSTITUIÇÃO, acompanhados de Cesare La Rocca, Marcos Candido Carvalho e Angelo Castro, aportaram no Quênia para mais uma etapa do intercâmbio. A comitiva chega hoje em Salvador e deve trazer na bagagem muita história emocionante de tragédias e de afeto. A situação de Nairobi é tão grave que um dos jovens comentou consternado: - Nunca mais lamentarei a condição de minha casa.
Vale ressaltar que esta é mais uma das inúmeras oportunidades de ação do projeto Axé que têm sido patrocinada pela Fundação Altamane, que nesses dois anos de parceria mostrou-se absolutamente sensível e verdadeiramente competente em sua missão.
Na foto acima, Cesare entre John Muiuri e Patricia, da AMREF. Os cinco jovens educadores do Axé, todos ex-educandos, da esquerda para a direita: Anderson, Lindomar, Luis Silva, Carlos André e Edvaldo - em visita ao Museu de Nairobi.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Santa Bárbara ou Iansã - O Axé da Fé

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
O Axé na Luta Contra a AIDS


(teatro de bonecos e jogos educativos), com carga horária de 32 horas cada, para 75 agentes de saúde, educadores de rua e agentes comunitários de saúde, ampliando a rede de profissionais beneficiados com a formação.

