terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Em visita a Salvador em 17 de novembro, o ministro da Cultura do Benin, Valentin Djenowtin e o embaixador do país africano no Brasil, Isidore Monsi, acompanhados do cônsul honorário do Benin, Marcelo Sacramento, foram recebidos pelo secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, João Carlos Bacelar, e pela presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Isa Maria de Souza Silva na Casa do Benin – espaço administrado pela FGM. Presentes tanmbém o secretário municipal da Reparação, Ailton Ferreira, e o assessor de Rel Internacionais, Leonel Leal.

 
As autoridades foram recepcionadas com uma roda de capoeira, apresentada por alunos do Projeto Axé. Encantados com a apresentação, fizeram questão de tirar fotos com as crianças e experimentar os instrumentos musicais utilizados pela dança, como o berimbau e o atabaque.


 
Emocionado com a Capoeira, o ministro destacou a importância do aprendizado da cultura africana como meio de retirar as crianças da situação de risco. “Ao ver estas crianças, eu me lembrei dos meus ancestrais, que foram deportados para outros continentes, mas fiquei feliz em ver que existem pessoas interessadas em manter a cultura africana”.

Os educadores do Axé aproveitaram a ocasião para desenvolver trabalho pedagógico com os jovens, estimulando a sua curiosidade sobre aquele país, sua relação com o Brasil, sua cultura e história.


       

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nossa missão é envergonhar o poder público

Publicado na Revista Isto É em 07/10/2011
Por Paulo Lima - fundador da Editora e Revista Trip



O encontro entre duas figuras geniais. Um cientista e um educador? Dois educadores? Dois cientistas? Isto é arte..
 
Peço novamente licença aos leitores e aos editores desta revista para compartilhar uma experiência apaixonante que vivemos na “Trip”: o Prêmio Trip Transformadores, que desde 2007 homenageia pessoas que se dedicam a tornar o mundo menos desigual e mais inteligente. Ao longo desses anos, descobrimos que o mais incrível não era identificar e premiar essas pessoas. O melhor era promover encontros entre esses indivíduos incríveis, das mais diferentes origens e campos de atuação. Nessas ocasiões, basta deixá-los juntos. São imediatas a identificação e a tensão criativa. Assim foi com os dois homens da foto, que serão homenageados no dia 26 de outubro na cerimônia de entrega do prêmio, no auditório Ibirapuera, em São Paulo.
Cesare La Rocca é italiano e vive no Brasil há 44 anos. Já morou em Manaus, Brasília e Salvador, onde fundou e hoje coordena o Projeto Axé.
O cientista Miguel Nicolelis se divide entre a direção de pesquisas no laboratório de neurociência da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, e o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINL-ELS), na periferia de Natal (RN). Esta semana, mais uma vez deslumbrou o mundo com um novo avanço científico no caminho para devolver movimentos a portadores de lesões neurológicas. Miguel é brasileiro, mas preza suas raízes italianas.
A identificação de visões de mundo foi imediata. Tanto Cesare quanto Miguel dedicam-se a transformar a vida de crianças e adolescentes pobres do Nordeste brasileiro. Um por meio da arte. O outro, pela ciência.
Começam a conversa sobre a relação entre arte e ciência. “Leonardo da Vinci é a síntese: cientista e artista universal. Tenho a convicção profunda de que não é possível educar, nos dias de hoje, sem a arte e a ciência. Ciência é arte. Nós, no Axé, superamos a visão instrumental da arte, que diz que ela é um instrumento para se educar. Não, arte é educação, é “arteducação”, sem hífen, uma única palavra”. Como se houvesse combinado, Miguel conclui a fala de Cesare. Conta que, em seu instituto, existe uma oficina que se chama “arteciência”, onde as crianças expressam conceitos científicos por meio da arte.
“É instintivo na criança estabelecer a relação de causa e efeito. E essa abertura de expressar um conceito científico pela arte só poderia acontecer no Brasil. Não vejo isso em nenhum outro lugar.”
Se os dois comemoram a diversidade única do Brasil, por outro lado lamentam as dificuldades que o País impõe a seu povo. O Axé não vai mudar o mundo, diz Cesare, mas serve de modelo. “Se conseguirmos contaminar o poder público com experiências bem-sucedidas, mas limitadas no tempo e espaço, para que faça disso um incentivo de implementação de políticas públicas cuja característica fundamental é a universalização, então teremos sucedido.”
Nicolelis provoca. “Nossa missão (no instituto) é envergonhar o poder público, mostrando como crianças consideradas violentas e indisciplinadas, que foram rejeitadas e deixadas à margem das políticas públicas, podem evoluir.” Tanto na periferia de Natal quanto em Salvador, os projetos pedagógicos dos dois baseiam-se em oferecer amor, oportunidades e caminhos para que os jovens conquistem uma vida plena e deem vazão aos seus potenciais.
A pedra de toque do Projeto Axé é sua “pedagogia do desejo”, criada a partir de duas frases ouvidas de crianças atendidas. A primeira veio de um menino de rua de 10 anos. “Ele dizia que não tinha nada a perder. Viver ou morrer tanto fazia. O que fizemos a essa criança para que ela tivesse essa desesperança?”
A segunda nasceu após levar 50 meninos e meninas para ver o balé “O Lago dos Cisnes”, no Teatro Castro Alves, em Salvador. À saída, uma semente de desejo de ser bailarina nasceu em uma das meninas. “Por que não nós?”, ela disse.
Miguel, com tudo o que aprendeu sobre o cérebro, diz que nossa mente sabe que somos uma única espécie, sem fronteiras nem divisões políticas e econômicas. “Mas, quando o homem esquece desse preceito, ele empunha armas e vai à guerra, promovendo genocídio e tragédia.” A partir dos avanços da ciência no entendimento do funcionamento cerebral, o cientista acredita na criação de uma nova humanidade, capaz de construir uma convivência pacífica. “O segredo de uma nova sociedade é permitir que a natureza humana, que se reconhece como uma única espécie, se expresse dessa forma. Como espécie, ela é una, indissociável. No entanto, tentamos coibi-la, colocando o capital acima do trabalho e da felicidade. Para mim, a educação é o passaporte para a busca da felicidade individual e coletiva.”

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ainda o Prêmio Transformadores 2011

Visita do Projeto FAMILIARTE ao Axé

O Projeto Axé recebeu no dia 22 de novembro a visita do GRUPO MUSICAL TAMBORES DO GORUTUBA, do Projeto Familiarte, projeto social mantido pela Faculdade Vale do Gorutuba - FAVAG e pela Fundação Vale do Gorutuba - FUNVALE, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico da cidade Nova Porteirinha localizada em uma região extremamente carente no norte de Minas Gerais.
Trata-se de um grupo de instrumentos rítmicos construidos com materiais alternativos, oriundos do lixo e que vem se apresentando em vários eventos na sua cidade e em Janaúba, Montes Claros e comunidades rurais.


Foram 27 adolescentes e jovens na faixa etária de 11 a 20 anos, e o encontro entre eles e os jovens do Axé, partilhando música e informação podemos conferir nas fotos.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Compra Solidária

O Natal se aproxima e várias empresas começam a fazer promoções que aliam marketing e solidariedade.

 A KLIN CALÇADOS saiu na frente e lançou a COMPRA SOLIDÁRIA.

Comprando um calçado infantil  na loja virtual da KLIN, o mesmo modelo é doado pela empresa às crianças do Projeto Axé  e de mais três instituições.

A campanha vai até o dia 20 de dezembro de 2011.

Ajude-nos a divulgar:   http://www.lojaklin.com.br/




quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cesare La Rocca recebe Prêmio Transformadores 2011

Foi realizada ontem, 26 de outubro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, a 5ª Edição do Prêmio Transformadores do Ano e o presidente do Projeto Axé, Cesare de Florio La Rocca foi um dos agraciados, conforme anunciamos aqui em postagem anterior. Numa noite de muita música e encontros notáveis de pessoas que lutam por um mundo mais justo, Cesare esteve visivelmente emocionado. Ainda mais que foi receber o prêmio acompanhado de uma de suas irmãs, Rosamaria de Florio, que veio da Itália para prestigiá-lo.
Cesare foi o último a receber a homenagem. Lee Taylor o apresentou como "o italiano idealizor e fundador do Projeto Axé, em Salvador, Bahia, que atende crianças e jovens, a maioria em situação de rua. Para resgatar essas crianças criou a arte-educação, metodologia que utiliza a cultura como veículo de cidadania e tem sido seguida e propagada em milhares de outras iniciativas espalhadas pelo país". O presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, apresentou a homenagem. Após ser aplaudido de pé, La Rocca declarou: “Para mim, isso é a coroação de um sonho. Eu fui sempre um grande sonhador, só que sempre com os pés no chão. Prêmios como esse provam que, mesmo velho, vale a pena sonhar.”
Saiba mais sobre o  prêmio e a premiação: http://revistatrip.uol.com.br/transformadores/transformadores_novo/site/index.php#noticia-36138

E assista o vídeo do ENCONTRO, promovido pela Revista Trip entre Cesare e outro homenageado, Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro.
http://www.youtube.com/watch?v=ee1ZanQGEEQ&feature=player_embedded&noredirect=1

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

                PRIMEIRA CONFENCIA LIVRE COM EDUCANDOS DO PROJETO AXÉ

Seguindo as orientações do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes-que sugere a realização de conferencias com crianças e adolescentes no sentido de estimular e valorizar o protagonismo juvenil, o Projeto Axé realizou no dia 20 de setembro, no turno vespertino, a I Conferencia com Educandos do Projeto Axé. Participaram 50  adolescentes e jovens que, divididos em cinco grupos, discutiram artigos do Estatuto da Criança e Adolescentes, fizeram reflexões acerca do cumprimento ou não e contribuirão com sugestões para a implementação do Plano Decenal.
ALGUNS DOS ARTIGOS DISCUTIDOS:

Artigo 106 e 107 dos Direitos Fundamentais eles sugerem trabalho para todos no sentido de coibir o tráfico de drogas, melhoria estrutural, funcional e profissional das escolas ; e educar os policiais para pararem com a discriminação com os jovens negros;

Artigo 15 e 16 do Direito a Liberdade, ao Respeito e a Dignidade destacaram que a violencia tem sido elemento inibidor e limitante ao direito de ir e vir, que nas comunidades há a intolerância religiosa em relação, especialmente, ao culto do candomblé além da má qualidade das escolas (faltam professores, cadeiras quebradas, reforma do prédio em período de aula, etc.);
Artigos 53, do direito a Educação, a Cultura, ao Esporte e ao Lazer chamaram atenção para a realização de reformas nas escolas, abrir ou criar bibliotecas nas escolas, dar acessibilidade à sala de informática que ficam, na maioria das escolas, fechadas, melhorarem a oferta de esporte e lazer nas escolas, garantir a presença dos professores, aumentar o número de escolas próximas as residências das crianças e dos adolescentes, melhorar o relacionamento entre professores e alunos – troca de conhecimento.

Além das reflexões escritas referenciadas, os adolescentes fizeram desenhos demonstrando assim, através da arte, toda indignação e contribuição para efetivação dos seus direitos garantidos por lei no ECA.
Ao final 4 adolescentes foram escolhidos para serem delegados representando o Projeto Axé na XIII Conferencia Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada nos dias 10 e 11 de outubro  na Faculdade Visconde de Cairu.



Projeto Axé -  Gerência de Fortalecimento a Família  Juventude e Comunidade, Outubro /2011 – familiaxe@hotmail.com

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Lançamento do filme CAPITÃES DA AREIA

O livro foi escrito em 1937 por Jorge Amado. nesta sexta feira, 07/10, sua neta, Cecília Amado, lança nacionalmente o filme CAPITÃES DA AREIA.
Há 21 anos o projeto Axé convive com crianças e adolescentes que são o retrato fiel de cada personagem desta história.
Não por menos, Cecília procurou o Axé desde o início do desenvolvimento de seu projeto. Uma honra para toda a equipe do Projeto Axé, socializar trabalho, atitude, humanidade e se ver e fazer representar na Bahia, no Brasil e no Mundo, por nossos jovens que sabem viver e sobreviver da força, da persistência e do desejo de SER e ESTAR, para a vida e por uma VIDA digna de direitos, com a consciência de seus deveres.

http://www.capitaesdaareia.com.br/


                                                       parabéns, Jean Luís Amorim !
                                                      

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Prêmio Trip Transformadores 2011


                           São 14 homenageados do Prêmio Trip Transformadores de 2011

O Prêmio Trip Transformadores foi criado em 2007 para homenagear um tipo especial de pessoas. Aquele tipo de gente que não espera, faz. Que não pensa só em si, mas enxerga o outro. Que acredita em uma mudança para melhor. Esses são os verdadeiros transformadores. Às vezes a transformação é sutil, como uma ideia nova que cria uma forma nova, mais generosa, de enxergar o mundo. Outras vezes a transformação salta aos olhos, pela evolução causada na vida de muitas pessoas.

 Veja abaixo os premiados:
                                               Miguel Nicolelis
                                               Cesare De Florio La Rocca
                                               Ronaldo Fraga
                                               Alcione de Albanesi
                                               Jean Wyllys
                                               Pablo Capilé
                                               Joao Candido Portinari
                                               Flávio Canto
                                               Leonardo Sakamoto
                                               Renato Sérgio De Lima
                                               Maurizélia Da Silva Brito
                                               Nilson Garrido
                                              José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo (In Memorian)


                                    
 
Ave, Cesare


A transformação promovida por Cesare Florio La Rocca pode ser dimensionada em números: 13.700. É a quantidade de crianças e adolescentes, a maioria jovens em situação de rua, que passou pelo projeto Axé, idealizado, fundado e coordenado por esse italiano de Florença, desde 1990, em Salvador, Bahia. Mas o dado serve apenas como referência, porque a transformação que ele ajudou a gerar perde-se em ondas no horizonte.
Primeiro, porque os números crescem todo dia. Hoje, o Axé assiste a mais de 1.500 crianças e jovens dos 5 aos 21 anos. Além disso, é preciso incluir aí os muitos educadores cujas vidas também foram transformadas para sempre.
Por fim, seria preciso incluir a todos nós, que aprendemos com La Rocca que as crianças não precisam apenas de direitos, mas também de conhecimentos e, mais do que tudo, de desejos.
Aos 73 anos, ex-representante no Brasil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), La Rocca pode ser considerado o pai da arte-educação, uma metodologia de resgate de crianças em situação de risco que as desperta por meio da estética.


Mais sobre a matéria: http://revistatrip.uol.com.br/revista/202/transformadores/o-futuro-do-presente.html



Prêmio Trip Transformadores de 2011 homenageia Cesare de La Rocca

Festa de lançamento do PROJETO AXÉ DESIGN

                                                beleza e criatividade                                                   à frente do projeto: Luciana Galeão


                                         Cesare La Rocca, presidente do Axé e Marle Macedo, coordenadora de Arteducação, com Luciana Galeão e o arquiteto 
                                         Pascoalino Magnavita.                
 
  Maestro Letieres Leite, da Orkestra Rumpilezz, observa a perfomance do saxofonista Luciano Gomes,
   instrutor de música e ex-educando do Projeto Axé

Fernando Cerqueira, coordenador do projeto de música do Projeto Axé, entre Letieres Leite e o produtor cultural Luciano Cenci

Rui Pavan, coordenador do Unicef em Salvador e Lena Garrido, da equipe de Arteducação do Axé

                                                                                       A festa
A festa

Genoveva e Damaris, educandas da Banda Axé


PROJETO AXÉ DESIGN
Rua das Laranjeiras, 09
Pelourinho/ Centro Histórico
Salvador - Bahia


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Fiorella Mannoia visitará o Axé


A cantora italiana FIORELLA MANNOIA confirmou sua vinda à Bahia na segunda semana de agosto visitando as atividades do Projeto Axé.
Admiradora e colaboradora do Axé há muitos anos, Fiorella cantou com os jovens do Grupo Experimental de Câmara (GECA) em 2008, durante tournée do Axé com apresentações nos famosos eventos do verão italiano:
http://www.axeitalia.net/includes/roma_fm.html





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Projeto Axé - 21 anos de história - Depoimento


"Ao longo de quase duas décadas tivemos o AXÉ como um dos nossos principais parceiros e interlocutor fundamental sobre os temas vinculados à causa que ambos abraçamos: a educação de crianças e adolescentes. Por meio da ação do AXÉ,junto a este público, pudemos compartilhar a esperança de ver transformada a realidade de grupos estigmatizados por forte discriminação social e racial, como os grupos sociais atendidos por esta organização.
A bandeira do AXÉ, apoiada na ética dos direitos humanos e na estética como fator essencial em cada ser humano, permitiu ressignificar a arteeducação no país, superando o conceito instrumental da arte para ser ela a própria educação. Esta postura pedagógica-filosófica foi determinante no cenário das ONGs que atuam neste mesmo campo do conhecimento, além de se constituir num celeiro de idéias profícuas para o Instituto C&A.
Queremos parabenizar o AXÉ por seus 21 anos de existência e pelo papel especial que tem na vida de crianças, de adolescentes e de educadores brasileiros."

                                                Paulo Castro
                                               Instituto C & A
INSTITUTO C&A é um grande parceiro do Projeto Axé. Grande porque compreende profundamente a sua missão, os seus objetivos, as suas dificuldades e as suas pequenas e grandes vitórias...







sexta-feira, 29 de julho de 2011

Projeto Axé - 21 anos de história

O Projeto Axé completou  21 anos em 1º de Junho deste ano.
Acompanhem esta série de 3 vídeos que contam um pouco de como tudo começou...

Acessem os vídeos:








 


















sexta-feira, 15 de julho de 2011

Correio da Bahia - 15/07/2011

Eles conseguiram escapar dos números letais da violência


Juan Torres e Victor Uchôajuan.torres@redebahia.com.br
victor.uchoa@redebahia.com.br

Luciana Xavier dos Santos, 27 anos, começou com 13 irmãos. Hoje só tem dez. Três foram assassinados. O pai também. Outros dois sobrinhos, idem - estes pela polícia. Até  aí, nada muito incomum em bairros pobres da capital baiana. 
A diferença é que Luciana, mesmo nascida e crescida cercada de violência e violação de direitos básicos por todos os lados, resolveu nadar. E, quando enxergou uma tábua de salvação, agarrou-se a ela. Graças a isso, conseguiu sair da ilha de seres humanos normalmente invisíveis e evitou engordar as estatísticas de vítimas de violência.

Depois de passar anos da infância na rua, Luciana se formou em design de moda e hoje gerencia as atividades de cerca de 100 jovens do Projeto Axé; ela procura ser exemplo
Ela tinha menos de 10 anos quando começou a trabalhar. Morava no Nordeste de Amaralina - onde a família vive até hoje - e, no fim da feira da Chapada do Rio Vermelho, com sua parca força infantil,  ajudava os vendedores a desmontar suas barracas. Como pagamento, recebia uns restos de fruta e verdura. 

O segundo trabalho foi como pedinte. Aos 10 anos, já se aventurava até os semáforos da Pituba. “Ainda hoje sonho às vezes que estou na sinaleira, pedindo. E acordo assustada. Penso: ‘Meu Deus! Ainda bem que era só um sonho. Aliás, um pesadelo’”, diz. 

Em 1997, aos 13 anos, Luciana conheceu o Projeto Axé e viu nele uma chance de sair da rua. “O projeto me fez ter vontade de seguir uma carreira. Eu terminei a escola e hoje sou a única da família que chegou à universidade”. Ela, que começou nas oficinas do projeto e hoje gerencia a unidade do Pelourinho, formou-se em Design de Moda na Faculdade da Cidade.

Perdas Três irmãos, porém, não chegaram a ver esse sucesso. Depois de, com 2 anos de idade, perder o pai - cobrador de ônibus morto num assalto -, Luciana perdeu o primeiro irmão em 1998. O rapaz, de 24 anos, era traficante e foi morto por bandidos no Arenoso.
Dois anos depois, outro irmão, de 22 anos, que morava em Natal e tinha vindo passar um feriado com a família, foi executado perto de casa. Ele não tinha envolvimento. “Foi morto pelo simples fato de ser irmão de outro irmão meu”, conta Luciana. Esse outro irmão acabou morto um ano depois, também por rivais. 

Em vez de esmorecer, Luciana só ganhou forças. “Eu vi a necessidade de crescer, de me desenvolver. Tinha que me envolver nas questões políticas e contaminar minha família. Até hoje tento transmitir a meus irmãos e a quem posso a necessidade de procurar uma arte como forma de libertação”, explica ela. 

A jovem ainda conta que dois sobrinhos, de 14 e 16 anos, foram mortos por policiais durante uma operação no Nordeste em julho de 2009. “Eles se esconderam na casa de uma senhora. A polícia entrou e matou os dois, achando que estavam fugindo, mas nenhum deles tinha envolvimento”, diz ela. 
Se ela tem rancor da polícia? “Todos são vítimas e algozes nesse sistema. A polícia tem que entender que reprimir o tráfico é uma consequência. O tráfico não é causa de nada. Ninguém opta por ir para o tráfico. O tráfico é o que sobra para essas pessoas”.


Homicídios deixam marcas em todo o bairro “Quando meu  irmão morreu, a primeira coisa que minha mãe fez foi tentar suicídio. Tive que segurá-la porque ela tentou se jogar na frente de um carro. Ela não aceitava ter que enterrar um filho”. O relato de Luciana mostra as rupturas que as mortes violentas causam nas famílias e nas comunidades. 

Esses traumas são justamente o objeto de estudo do pesquisador José Eduardo Ferreira, doutor em Saúde Pública pela Ufba e autor do livro Cuidado com o Vão: Repercussões do Homicídio entre Jovens de Periferia (Edufba). 

“Todo homicídio gera fraturas nas comunidades. Cada jovem é uma perspectiva de futuro que se perde. Essa fratura se expande a todo o bairro. Muitas vezes acontece o que a gente chama de desterro. Geralmente a pessoa vai embora do bairro por conta do medo. Isso gera o fim do espaço de vivência. As pessoas perdem a territorialidade”, explica ele, que nasceu e mora nos Novos Alagados, no Subúrbio Ferroviário, e hoje faz pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Zidane chegou ao Candeal na adolescência e conhece a bandidagem, mas pegou o caminho da música
Foi o que aconteceu com a mãe de Luciana, que teve que se mudar, e com ela própria, que foi morar no Largo Dois de Julho, mas até hoje convive com o medo.  . “Todos os dias eu tenho medo. Minha família mora no Nordeste e no Subúrbio e todos os dias ligo para saber se estão bem”, conta.

José Eduardo explica que o vão de que trata seu livro é a diferença entre a perspectiva de futuro que a classe média tem e a que existe em comunidades violentas. “Nós queremos chegar aos 60 anos. Eles querem garantir o prato de hoje. É uma diferença entre pessoas que estão lutando para manter projetos de vida e pessoas que estão batalhando para viver. Quem está na marginalidade não tem projeto de vida, tem que sobreviver”, explica.

No ritmo do acaso ( Por Bruno Villa)Zidane já engatilhou revólver, esfumaçou a cuca com todo tipo de droga e andou na companhia da bandidagem. Hoje, ele só machuca os dedos tocando timbau, faz a cabeça apenas com música e reúne compositores para criar as canções de sua banda, a Zap Eletrônico.

Para passar do crime à arte, Leandro Santana Alves dos Santos, 26 anos, o Zidane, ex-integrante da Timbalada, teve uma única oportunidade, oferecida pelo acaso. Desde os 11 anos ele vivia nas ruas da Barra e do Pelourinho e, de vez em quando, ia à casa da avó na rua Afonso Taunay, em Pitangueiras, Brotas. Aos 15 anos, o avô morreu e a família se mudou para o Candeal. “Se eu tivesse ido para outro lugar, minha vida seria outra”, diz. O músico é filho de Peixe Frito, que fez fama como assaltante entre as décadas de 1970 e 1980, mas morreu antes de Zidane nascer. Da mesma forma que o pai, a mãe de Leandro era envolvida com o crime. Ela também já morreu. 

No Candeal, o acaso premiou Zidane, que ganhou o apelido por ser bom de bola. O adolescente se encantou com a Timbalada. Para ver os ensaios, trepava numa árvore. “Via os caras da Timbalada tudo bonito, a comunidade respeitava. Dos traficantes, o povo só falava mal”, lembrou. 

Ele queria começar a tocar, mas enfrentava a desconfiança da vizinhança, que sabia da sua proximidade com os bandidos da área. Mas cinco integrantes da Pracatum resolveram dar uma chance ao adolescente. “Conheci Cinho, Élber, Dedé, Bujão e Furunga. Eles me abraçaram e disseram: ‘a gente vai te tirar dessa’”, afirmou.  

A vida de Zidane mudou em dois anos. Enquanto aos 15 quase foi morto por policiais em um beco da Santa Cruz, aos 17 fez sua primeira viagem como músico para tocar em Nova York, Estados Unidos. Depois, batucou em Barcelona, na Espanha, e Lisboa, Portugal. Em 2005, entrou para a Timbalada. 
No ano seguinte, tocou pela primeira vez no trio e encontrou os velhos amigos. Eles o viram sobre o veículo e o chamaram. “Começaram a apontar, joguei água, energético e refrigerante”, lembrou.  Zidane mantém contato com os velhos companheiros e deixa claro que só quer saber de música. 

Hoje, pai de duas filhas, de 1 e 5 anos, o músico saiu da Timbalada para criar sua própria banda, a Zap Eletrônico - a palavra paz escrita ao contrário. O passado serve de inspiração  para que vislumbre o futuro. “Esses meninos só precisam de oportunidade. Hoje, basta um deles colocar o pé pra fora que o tráfico está em cima”, concluiu.